Como visto, a cidade
de Três Marias será criada a partir do estabelecimento de diversos
empreendimentos industriais de grande porte. Um destes empreendimentos foi a
construção da atual BR 040 que ligaria o Rio de Janeiro ao Brasil Centro, onde
estava sendo construída a nova capital Brasília.
No final década de
1950, Três Marias se tornaria um importante ponto de referência para esta obra,
sendo construído o acampamento do DNER para abrigar os funcionários do
Departamento Nacional de Estradas e Rodagem - DNER, órgão federal responsável pela
fiscalizar as obras de construção do maior projeto rodoviário do Brasil da
época.
Dividida em trechos a
construção da estrada foi realizada por diversas empreiteiras. A empreiteira
responsável pelo trecho entre o ribeirão do boi e o rio São Francisco,
incluindo a construção da monumental ponte sobre o rio São Francisco era a
Companhia Triângulo.
O acampamento da DNER
era destinado para os funcionários do departamento e não para funcionários das
empreiteiras. Localizado entre o povoado de Barreiro Grande e a Vila Satélite,
o acampamento possuía em torno de 30 edificações destinadas para residências,
além da casa de visitas, alojamento para os funcionários solteiros, escritórios
e edificações destinadas a prestações de serviços da rodovia.
Durante o IPAC, foram
feitas duas fichas de inventário relativas a este acampamento. Uma delas era o
antigo alojamento de operários do DNER e a segunda é a edificação para abrigar
o engenheiro responsável do DNER na localidade. Por escolha dos atuais
proprietários, obtivemos autorização para divulgar as imagens apenas do antigo
alojamento, que foi construído por volta de 1960 para os trabalhadores
solteiros do DNER, a partir de um projeto do Sr. Ota, engenheiro responsável da
época. Contudo, o Sr. Ota seria transferido na mesma época, deixando a cargo do
Sr. Almir Albuquerque a finalização da obra.
Assim como no
acampamento da Cemig, a maior parte das edificações do acampamento do DNER
tinha o alicerce de cimento, as paredes de madeira, com revestimento interno de
Eucatex e cobertura de telhas de zinco.
No início da década
de 1970, o DNER não queria mais manter sob sua responsabilidade o acampamento e
iniciou um processo de retirada dos antigos funcionários da localidade. Durante
esse processo boa parte das residências foi desmanchada e os alojamentos e as
edificações que restaram passaram a ser ocupadas por funcionários de
empreiteiras que trabalhavam na região.
Na segunda metade da
década de 1970, antigos funcionários que sentiam-se injustiçados por terem sido
expulsos do acampamento mobilizar-se-iam em torno da luta pela propriedade dos
lotes onde moravam. Os conflitos estabelecidos entre os administradores do
DNER e os antigos funcionários renderia
aos últimos o direito de comprar da SUVALE – Superintendência do Vale do São
Francisco , antiga CVSF – Comissão do Vale do São Francisco, os lotes que
abrigavam suas residências por um valor simbólico.
Neste época, o
alojamento seria então ocupado pelo senhor Antônio Joca de Lima, antigo
funcionário do DNER, que o adquiriu da SUVALE. Após o falecimento do Sr.
Antônio Joca de Lima a edificação entrou em processo de inventário,
encontrando-se ainda na mesma situação.
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